E OS BICHOS FORAM AS URNAS ...
Há muito tempo, nas terras de Monte Lendário, as relações entre a bicharada estavam estremecidas. As reclamações eram generalizadas. Os gatos queixavam-se dos cavalos, os coelhos estavam insatisfeitos com os bodes, os cervos detestavam os cavalos, pois estes chafurdavam as águas das nascentes, e isso também incomodava os tigres.
As araras já não sabiam onde fazer os ninhos, pois os corvos invadiam as palmeiras , para comerem carniças, sem contar com as hienas, que dormiam sob a copa das árvores, de onde exalavam mau cheiro.
Depois de muita discussão, e agressões de toda sorte, a bicharada chegou a um consenso , que tudo poderia ser resolvido, se elegessem democraticamente, um "PREFEITO ANIMAL" para por ordem nas terras de "Monte Lendário".
Sem mais demora, os grupos mais articulados, de pronto elegeram uma "comissão", para tratar da eleição. Por influência de caciques políticos, como o tigre manhoso, o rinoceronte cacareco e águia clementina; a "comissão eleitoral" escolhida foi: o bode Josué, a hiena sorriso e o jabuti ligeirinho.
E sem perda de tempo, ali mesmo na planície do vale, as chapas que iriam concorrer foram inscritas, e assim disputariam a eleição, o "macaco Serjão", um velho conhecido por suas vigarices, e tendo como vice a mula "burra preta". Defendendo a bandeira da justiça e honestidade, a chapa ficou a cargo pela "anta Magali" sendo o seu vice o "jabuti vesguinho".
Ao cair da noite, o macaco Serjão logo planejou as fraudes. Em conluio com o seu primo, o "macaco pançudo", arregimentou todos os amigos de gorilas e chipanzés, e passaram toda a noite panfletando tudo quanto é árvore, onde sequer sobrou uma palmeira livre.
Prometeram bananas para toda macacada!!! "bolsa ração" para araras e periquitos. Para os tigres, leões e hienas, haveria uma "zona de caça exclusiva". Estava liberado o banho em todas as nascentes, inclusive a montante do Ipuzinho. A partir de então, égua pocotó e burra preta poderiam banhar-se nos córregos que desejassem, mesmo que toldassem tudo.
Antes que o pleito chegasse, o loteamento do secretariado já estava repartido, a agricultura ficaria nas mãos do chipanzé pançudo, a saúde foi entregue ao grupo das tartarugas, o meio ambiente , ficou aos cuidados dos corvos e urubus. Assim, durante o mandato, não faltaria carniça nas terras de Monte Lendário.
Acreditando e sonhando com um "mundo animal" mais justo e melhor, a candidata anta na companhia de jabuti saíram pregando trabalho, justiça social e honestidade; enquanto na contramão de tudo, o macaco Serjão pregava mentiras, falcatruas e compra de votos.
Eis que chega o dia da eleição, e toda a bicharada compareceu a planície do vale, e assim cada bicho dirigiu-se as urnas. Votação concluída, apuração encerrada, logo surge o "bode Josué", para informar o resultado histórico, de uma eleição no mundo animal.
Apreensão geral... mas logo anunciou: "... o vencedor da eleição fora o "macaco Serjão"... a gritaria foi intensa entre os correligionário. Quanto a derrotada "anta Magali", só restou tristeza, fora enganada até por bichos que lhe eram próximos. Tanto que prometera justiça, honestidade, não conseguiu convencer a bicharada.
E lá no canto, a hiena ria, o corvo fingia que nada estava acontecendo. Foi aí que a anta chegou a seguinte conclusão: que no mundo dos bichos, há espaço para a desordem, mentiras e anarquia. Pois até mesmo para os bichos da floresta, a política é a arte de prometer, mentir e enganar...
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