sábado, 25 de agosto de 2018

E os bichos foram as urnas ...



                                         E OS BICHOS FORAM AS URNAS ...


              Há muito tempo, nas terras de Monte Lendário, as relações entre a bicharada estavam  estremecidas. As reclamações  eram generalizadas. Os gatos queixavam-se dos cavalos, os coelhos estavam insatisfeitos com os bodes, os cervos  detestavam os cavalos, pois estes chafurdavam as águas das nascentes, e isso também incomodava os tigres.
               As araras já não sabiam onde fazer os ninhos, pois os corvos invadiam as palmeiras , para comerem carniças, sem contar com as hienas, que dormiam sob a copa das árvores, de onde exalavam mau cheiro.
               Depois de muita discussão, e agressões  de toda sorte,   a bicharada chegou a um consenso , que tudo poderia ser resolvido, se elegessem democraticamente,  um "PREFEITO  ANIMAL"  para por ordem nas terras de "Monte Lendário".
               Sem mais demora, os grupos mais articulados, de pronto elegeram uma "comissão", para tratar da eleição. Por influência de caciques políticos, como o tigre manhoso, o rinoceronte cacareco e águia clementina;  a "comissão eleitoral" escolhida  foi: o bode Josué,  a hiena sorriso e o jabuti ligeirinho.
                E sem perda de tempo, ali mesmo na planície do vale,  as chapas que  iriam concorrer foram inscritas, e assim disputariam a eleição, o "macaco Serjão",  um velho conhecido por  suas vigarices, e tendo como vice a mula "burra preta". Defendendo  a bandeira da justiça e honestidade, a chapa  ficou a cargo  pela "anta Magali" sendo o seu vice o "jabuti  vesguinho".
                Ao cair da  noite, o macaco Serjão logo planejou  as fraudes. Em conluio com o seu primo, o "macaco pançudo", arregimentou todos os amigos de gorilas e chipanzés, e  passaram toda a noite panfletando tudo quanto é árvore, onde sequer sobrou uma palmeira livre.
                 Prometeram bananas para toda macacada!!! "bolsa ração" para araras  e periquitos.  Para os tigres, leões e hienas, haveria uma "zona de caça exclusiva". Estava liberado o banho em todas as nascentes, inclusive a montante do Ipuzinho. A partir de então,  égua pocotó e burra preta poderiam banhar-se nos córregos que desejassem, mesmo que toldassem tudo.
                 Antes que o pleito chegasse, o  loteamento do secretariado já estava  repartido, a agricultura ficaria nas mãos  do chipanzé pançudo, a saúde  foi entregue ao grupo das tartarugas, o meio ambiente ,  ficou aos cuidados  dos corvos e urubus. Assim, durante o mandato, não faltaria carniça nas terras de Monte Lendário.
                 Acreditando e sonhando com um "mundo animal" mais justo e melhor, a candidata anta na companhia de jabuti saíram pregando trabalho, justiça social e honestidade; enquanto na contramão de tudo, o macaco Serjão pregava mentiras, falcatruas e compra de votos.
                  Eis que chega o dia da eleição, e toda a bicharada  compareceu  a planície do vale, e assim cada bicho dirigiu-se as urnas. Votação concluída, apuração encerrada, logo surge o "bode Josué", para informar o  resultado histórico, de uma eleição no mundo animal.
                  Apreensão geral... mas logo anunciou: "... o vencedor da eleição  fora o "macaco Serjão"... a gritaria foi intensa entre os correligionário.  Quanto a derrotada "anta Magali", só restou tristeza, fora enganada até por bichos que lhe eram próximos. Tanto que prometera justiça,   honestidade, não conseguiu convencer a bicharada.
                  E  lá no canto, a hiena ria, o corvo  fingia que nada estava  acontecendo. Foi aí que  a anta chegou a seguinte conclusão:  que no mundo dos bichos,  há espaço para a desordem, mentiras e anarquia. Pois até mesmo para os bichos da floresta, a política é a arte  de prometer, mentir e enganar...
   
       
        

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