Um aparte... Vossa Excelência

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•           Ao longo do tempo, esse tem sido o tratamento usual entre os vereadores de Itapajé, quando por ocasião das sessões no plenário. Mas há um porém, tem excelência sobrando. Segundo o Manual de Redação da Presidência da República, o tratamento é Vossa Senhoria. Excelência tão apenas para o Presidente.
•             A  casa do povo nos últimos meses parece ter sido acometida de surtos de vaidade, pois estar excelência não basta. Então que tal dar um tom  de sobriedade na vestimenta de nossos edis? então está decidido que todos devem usar paletó (ou blazer) por ocasião das sessões,
•              Há um dito popular que diz: se queres conhecer a natureza de um homem, dê-lhes poder. A partir de então, ela não terá limites. Assim os representantes do povo, ungidos pelo voto da plebe, serão diferentes; não só em poder, mas  ao usar uma  vestimenta mais sóbria. Seria uma forma de emponderamento?
•               Na sociedade romana, a toga dava a conhecer a que grupo social pertencia o romano. Os  senadores usavam toga clara, tendo um acessório púrpura no ombro. Quanto aos plebeus, trajavam apenas uma túnica.
•                Mas foi na Inglaterra, quando do falecimento da rainha Mary, os juízes foram ao funeral usando uma toga preta. No Brasil, o uso por juízes, foi por influência da tradição portuguesa.
•                 Quanto ao paletó, a origem é francesa, no sec.  XVIII. Sobre a incorporação da gravata, se deve ao vaidoso rei Luis XIV,  o rei do sol. Também na revolução industrial, o poder era externado na vestimenta pelo uso de ternos.
•                  Sobre a aparência, que a muitos  engana, diz uma fábula: foi organizado um concurso de beleza, para todas as aves. elas seriam julgadas pelo deus da mitologia grega Zeus. Dia marcado, todas se reuniram em rios e lagos da localidade, alisavam suas penas, onde as mais velhas caiam, surgindo nova plumagem.
•                   A gralha, um abutre , considerada pássaro  muito feio, decorou-se de lindas penas que conseguiu juntar. A coruja percebendo a trapaça, incitou a todas a arrancarem os enfeites da gralha. Assim, ao desfilar, estava toda despida ... e  deste modo foi para o julgamento.  então podemos concluir, que só adereços não bastam.
•                   Desde quando a vestimenta fará alguém diferente na sua essência? Tão somente as aparências enganam. O mundo real da cidade em que vivemos será melhor? O povo terá melhor qualidade de vida? Em nosso entorno é visível as precariedades: as  imundícies do mercado público, a feira do peixe, o barracão dos feirantes,  os esgotos oriundos do conjunto do S. Francisco, o rio  de mesmo nome assoreado e repleto de sujeira,  uma FUSEC onde a precariedade dói o coração, uma estação de tratamento de esgotos que não se conclui. Esse é o mundo real excelências
•                    Mas  são vocês que nos representam. Possuem a incumbência de legislar, fiscalizar a aplicação de um orçamento anual superior a R$ 90.000.000,00. Não estou incluindo  parte do precatório que adicionará  R$ 17.000,000,0. Para este ano excelências, o governo federal  já repassou mais de R$ 1.500,000,00  de complementação do FUNDEF, destes R$ 500,000,00 destinados ao piso do magistério.
•                     Quanto aos subsidios para remunerar o trabalho de Vossas Excelências, R$ 6000,00 pode até ser pouco. Mas em paises civilizados como a Suécia, o trabalho de vereador é voluntário. todos tem empregos regulares. Lá um deputado federal não tem: apartamento funcional, carro com motorista, verba de gabinete .... andam de ônibus e metrô. Para eles pagar mordomia é uma imoralidade. 
•                      São por essas razões que um professor recebe R$ 15000,000, e as excelências deputados federais  R$ 22.000,00.
•                       Há de se concluir que somente adereços não bastam. A gralha não deixou de ser abutre. Então, não a toga, não ao paletó, não ao blazer, não a  vaidade, não a arrogância.
•                        Precisamos sim, de  dignidade para com a coisa pública. Ética no exercício do mandato ,é o que farão diferentes.
•                        Viva os pés descalços ... viva os sans culotte!!!!
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